Diferenças culturais entre Brasil e EUA
Explorar as diferenças culturais entre Brasil e EUA é embarcar em uma jornada fascinante. Esses dois gigantes do hemisfério ocidental, embora compartilhem o continente americano, apresentam contrastes notáveis em suas culturas, costumes e sistemas sociais.
As semelhanças, são várias: ambos os países possuem territórios extensos, foram colonizados por europeus, apresentam uma paixão singular pelo café e são extremamente diversos étnico e culturalmente, com destaque à inclusão dos imigrantes.
No entanto, ao ir para os EUA, principalmente no caso de brasileiros, é preciso estar atento às diferenças, pois algumas coisas que no Brasil são normais, nos EUA podem ser vistas de outra maneira.
Veja abaixo uma lista que o Viva América preparou com as principais diferenças culturais entre Brasil e EUA.
Sistema de Saúde: Gratuidade versus Custo
Um dos contrastes mais significativos entre Brasil e EUA é o sistema de saúde. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece atendimento gratuito a todos os cidadãos, refletindo uma filosofia de saúde como direito universal. Nos EUA, entretanto, o sistema de saúde é predominantemente privado e baseado em seguros (planos), o que muitas vezes resulta em altos custos para os indivíduos.
É comum, inclusive, que brasileiros que hoje vivem nos EUA viagem de volta ao Brasil quando precisam de tratamento médico, estético ou odontológico, dada a grande diferença de custos.
Portanto, uma das primeiras coisas a se fazer ao chegar nos EUA (e o dinheiro permitir) é adquirir um plano de saúde americano.
Pontualidade no Brasil e nos EUA
A pontualidade é outro aspecto em que Brasil e EUA divergem. Enquanto os americanos são conhecidos por sua pontualidade e valorização do tempo (time is money), o brasileiro tende a ser mais flexível com os horários, refletindo um ritmo de vida menos rígido.
Se você marcar um encontro ou compromisso com um americano às 20h, por exemplo, chegue no horário. Isso serve para entrevistas de emprego, consultas médicas, festas etc. Já dizia o precavido: "if you're early, you're on time. If you're on time, you're late".
Como às vezes o imigrante pode ser visto com certo preconceito, dependendo da localidade, ajustar-se a essas realidades culturais dos EUA ajuda no processo de integração e aceitação.
Mobilidade: Você Precisará de um Carro nos EUA
Nos EUA, ter um carro é quase uma necessidade devido à vasta geografia e ao desenvolvimento urbano centrado no automóvel. Na América, são poucas as cidades que contam com um sistema de transporte público. Cidades brasileiras, por outro lado, tendem a ter mais opções de transporte público, embora a qualidade e a eficiência variem.
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 49,4% dos lares têm automóveis. Enquanto isso, nos EUA, são 91,7%, segundo estatísticas oficiais.
Além disso, a cultura automotiva está profundamente enraizada nos EUA, com estradas e rodovias que facilitam viagens longas (você já deve ter visto os famosos trailers (RVs) nos filmes e séries).
Portanto, ter um carro nos EUA é uma necessidade equiparável a ter um celular ou energia elétrica para você conseguir sobreviver.
A Cultura das Gorjetas
A questão das gorjetas é um exemplo claro das diferenças culturais entre Brasil e EUA. Nos Estados Unidos, as gorjetas são uma parte essencial da remuneração em muitos setores de serviços, principalmente na indústria de restaurantes e hospitalidade. É costumeiro dar gorjetas de 15% a 20% do total da conta. Esta prática reflete a estrutura salarial dessas indústrias, onde muitos trabalhadores dependem das gorjetas para complementar seus ganhos. E se eles virem que você provavelmente não deixará gorjeta, eles vão te tratar mal.
Você tem o hábito de dar gorjeta?
Sim
Não
No Brasil, por outro lado, as gorjetas, conhecidas como "caixinha" ou "10%", são menos comuns e muitas vezes já estão incluídas na conta final em restaurantes como taxa de serviço. Quando não incluídas, a prática de dar gorjetas ainda existe, mas não é tão obrigatória ou esperada como nos EUA, e o valor tende a ser menor, refletindo as diferenças na estrutura salarial e nas normas culturais relacionadas à prestação de serviços.
Nos EUA, já se normalizou que alguns trabalhadores ganhem pouco, tendo na gorjeta a maior parte de seu salário. Em restaurantes e lanchonetes, o mais comum é que você deixe uma gorjeta de 15% a 20%. Alguns lugares sugerem a opção de até 35%, o que até mesmo para os americanos é um valor bastante elevado. Por isso, não se esqueça de sempre dar gorjetas em restaurantes e hotéis. Para motoristas de taxi e Uber, o percentual pode ser menor (10-15%). Em outras situações, como agradecer por um favor feito (a tradicional cena do funcionário do hotel que ajuda o hóspede com as malas até o quarto, por exemplo), a gorjeta pode ser um valor final, como uma nota de US$ 5 ou US$ 10, podendo ser um valor maior, a depender do seu nível de generosidade.
Como dar Gorjeta nos Restaurantes dos EUA?
Especificamente em restaurantes, você pode deixar a gorjeta de duas maneiras. Primeiramente, não estranhe se, ao receber a conta e der seu cartão de crédito para realizar o pagamento, o garçom leve seu cartão para os fundos do estabelecimento.
Isso porque, nos EUA, a maioria das transações de cartão de crédito em restaurantes são processadas usando um sistema onde a assinatura do cliente é o principal método de verificação, em vez de uma senha. Portanto, é comum que os garçons levem o cartão de crédito até a maquininha para processar o pagamento.
Ao voltar, o garçom vai te dar uma via do recibo/cupom fiscal, enquanto uma segunda via deverá ser assinada. É nesta segunda via que você poderá deixar, em um espaço dedicado para isso, o valor da gorjeta. Em seguida ou no final do dia, o restaurante irá comunicar ao sistema de pagamento para adicionar aquele valor da gorjeta ao valor total da compra.
Agora, se você preferir, pode deixar a gorjeta em dinheiro na mesa ou entregá-la diretamente ao garçom quando receber o comprovante de pagamento. Portanto, não estranhe se levarem seu cartão para o fundo do restaurante. Hoje em dia, até está um pouco mais comum levarem a maquininha até a mesa do cliente e já realizarem o pagamento com o valor da gorjeta, mas não são todos os lugares.
Já em cafeterias, redes de fast food ou estabelecimentos em que você primeiro paga no balcão para depois receber o pedido, é comum que o balconista pergunte se você gostaria de deixar gorjeta ou haja um tablet para você indicar quantos porcentos gostaria de deixar. Se nada disso acontecer, você poderá deixar a gorjeta na mesa assim que pegar seu pedido ou terminar de consumir.
Calor Humano: uma Diferença entre Brasil e EUA
No Brasil, as relações sociais são marcadas pelo calor humano e pela proximidade, enquanto nos EUA, as interações tendem a ser mais reservadas e diretas. Não chegue cumprimentando as pessoas com beijo e abraços, nem mesmo quando você já as conhece (no caso de colegas de trabalho, por exemplo).
Também evite ser amigável com crianças. Nos EUA, existe uma cultura muito forte dos pais protegerem os filhos. Passar a mão na cabeça de uma criança, um gesto que no Brasil seria visto com normalidade, nos EUA pode até virar caso de polícia.
Na dúvida, prefira errar para menos do que para mais.
Outra diferença nesse sentido é em relação a se abrir com estranhos. É comum que os brasileiros, ao conhecer alguém, já conte detalhes muito pessoais de sua vida, algo que os americanos chamam de oversharing, ou seja, quando você compartilha informações demais sobre si. Nos EUA, as pessoas demoram mais para se abrir a ponto de contar detalhes de sua vida, até terem certeza de que o interlocutor é alguém confiável.
Dizendo "Não" no Brasil e nos EUA
Não estranhe se, ao pedir um favor ou fizer uma pergunta a um americano, ouça ele respondendo um simples e direto "não". Os americanos são muito mais diretos na comunicação interpessoal, ao contrário dos brasileiros, que muitas vezes com receio de magoar os outros, enrolam mais para recusar um convite, dizendo coisas do tipo: "vamos ver", "olha, talvez a gente possa pensar nisso mais adiante, porque no momento vai ser complicado", etc.
Até mesmo em coisas simples, como uma pergunta do tipo "Você quer um pedaço desse bolo", os brasileiros não usam "sim" ou "não". A resposta provavelmente seria "quero", para aceitar o pedaço, ou "não quero, não" ou "obrigado" para dizer não. Se para os brasileiros um simples e direto "não" pode soar grosso, para os americanos é simplesmente algo normal e corriqueiro.
Comida e Hábitos Alimentares dos EUA
A gastronomia brasileira é rica e diversa, focada em refeições caseiras, enquanto a americana é conhecida pela popularidade do fast food e por suas grandes porções.
A culinária brasileira, influenciada por uma mistura de culturas indígenas, africanas e europeias, é conhecida por sua variedade de sabores e ingredientes. Pratos como feijoada, churrasco e moqueca são símbolos do país. O almoço é frequentemente a principal refeição do dia, e o arroz e feijão são alimentos básicos na dieta brasileira. Já nos EUA, o almoço é visto como um período para comer um lanche ou snack. No trabalho, é comum fazer o almoço em 15-30 minutos.
A culinária americana também é caracterizada por uma fusão de diversas tradições trazidas por imigrantes. Há uma grande variedade de opções, desde fast food até pratos sofisticados. As porções americanas são notoriamente grandes, e o país é conhecido por pratos como hambúrgueres, hot dogs e pizza. O fast food é uma parte significativa da cultura alimentar, refletindo a vida rápida e conveniente que muitos americanos levam.
Nos EUA, é comum que o café da manhã seja mais reforçado, com itens como ovos, bacon e salsichas. No Brasil, o café costuma ser mais leve.
E lembre-se: dependendo da cidade em que você morar nos EUA, nem sempre achará farinha e outros ingredientes tradicionalmente brasileiros, assim como poderá estranhar o preço elevado das frutas.
Nos EUA, não são muito comuns padarias nos moldes das que existem no Brasil. O que eles chamam de bakery é um estabelecimento mais voltado para doces. Não existe um lugar onde se compra pão quentinho, frios, bolos, pudins e salgados em único lugar - a não ser nos grandes supermercados.
Competitividade versus Colaboração
Nos EUA, o trabalho e a educação escolar são marcados por uma forte competitividade e foco no sucesso individual. Por isso, pode ser mais difícil conseguir ajudar em um emprego novo, dependendo do clima organizacional.
Pagamento do Salário nos EUA
Na América, dependendo da atividade profissional que você exerça, é comum que o pagamento seja feito semanalmente ou quinzenalmente. E mais do que isso: o cheque ainda é muito comum. Portanto, não estranhe se seu chefe lhe der um envelope com um cheque dentro na hora de realizar o pagamento.
Muitas profissões nos EUA também são remuneradas por hora - e não por dia ou por um valor fixo mensal. Mas com o tempo você costuma a calcular de cabeça quanto que um determinado valor por hora pode lhe render em um mês.
Letra Cursiva: Estilos de Escrita
No Brasil, a letra cursiva é ensinada nas escolas e frequentemente usada pelas pessoas ao responder provas e preencher formulários. Nos EUA, por sua vez, é comum encontrar americanos que não conseguem ler textos escritos à mão em letra cursiva.
Ar-Condicionado e Sistema de Aquecimento
Nos EUA, as casas têm um sistema de ar-condicionado e aquecedor central, possibilitando que a família controle a temperatura da casa durante o ano todo. Assim, durante o rigoroso inverno do hemisfério norte, o sistema funciona a todo vapor para deixar a casa quentinha. É por isso que você vê as pessoas com roupas leves dentro de casa mesmo quando do lado de fora a temperatura está negativa.
Dizendo a Hora
Brasileiros e americanos têm formas distintas de referir-se às horas. Enquanto nos EUA é comum o sistema de 12 horas (com a sigla AM para indicar dia e a sigla PM para indicar noite), no Brasil, o sistema de 24 horas é mais utilizado, especialmente em contextos formais.
Se você mandar uma mensagem para um americano, escrevendo que irá encontrá-lo às 20h, ele ficará perdido e não fará ideia do que se trata. Use, portanto, a forma “8 pm”.
WhatsApp: Uma Febre Brasileira
Saiba que o WhatsApp não é nada comum nos EUA. A maioria dos americanos se comunicam pelo próprio aplicativo de mensagens do celular (SMS). Isso vem da tradição americana, que sempre teve planos de telefonia móvel em que o SMS era gratuito. No Brasil, como as operadoras cobravam pelas mensagens de texto, isso fez com que o WhatsApp se tornasse rapidamente popular no país.
Jogar Comida no Ralo
Nos EUA, é comum que as casas tenham um triturador de alimentos na pia da cozinha, permitindo que os restos de comida sejam processados e dispensados ralo abaixo, diretamente para a rede de esgotos. Por isso, é comum ver americanos jogando o que sobrou no prato do almoço ou do jantar diretamente na pia, em vez de jogarem no lixo, como se faz no Brasil.
Papel Higiênico no Vaso Sanitário
Outra diferença em como eliminar resíduos. Nos EUA, o papel higiênico deve ser jogado diretamente no vaso sanitário e eliminado pela descarga. O lixo do banheiro nas casas americanas serve apenas para jogar embalagens e outros materiais, como um algodão, cotonete etc.
Delivery de Carro?
Sim, nos EUA, ao pedir uma pizza ou qualquer outra refeição por delivery, ela será entregue ou de carro ou de bicicleta. Além de ser um país com uma cultura veicular muito centrada no carro, o frio forte na maioria dos estados dificulta a utilização de motos - não só para deliveries, mas de maneira geral na sociedade americana.
No Brasil, a motocicleta acaba sendo um veículo mais acessível para parte da população, o que ajudou a popularizá-la entre os brasileiros.
Quer Viver na América?
Os EUA estão cheios de oportunidades para estrangeiros que querem fazer suas vidas no país. E a boa notícia é que o Viva América facilita e te ajuda durante todo o processo. Conheça os nossos produtos e serviços e saiba como viver em um dos melhores lugares do mundo em qualidade de vida, trabalho e segurança.
Comments